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Pole Dance: esporte, autoestima e representatividade

  • elasnatela
  • 23 de nov. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 8 de dez. de 2020

Por Verônica Ferreira


De sensualidade a esporte reconhecido internacionalmente, o Pole Dance, também conhecido como Pole Fitness, é composto por movimentos na barra de aço vertical, que estimulam a tonificação muscular, misturam dança com ginástica olímpica e técnicas circenses como o contorcionismo e acrobacias.

Os praticantes buscam um novo passo para o esporte: levá-lo para as Olimpíadas. Mas o caminho é longo e muito difícil, visto que ainda há organizações internacionais que precisam reconhecer a atividade como esporte. No Brasil, por exemplo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento no final de 2017, negou o status de esporte ao Pole Dance, o qualificando apenas, como ginástica ou dança.

Por isso, como aluna de Pole Dance que admira e sonha em ser como algumas das atletas profissionais, venho conscientizar homens e mulheres que o Pole Dance vai muito além de uma dança sensual. Apesar do preconceito, a atividade tornou-se esportiva em 2017 em países internacionais e mistura dança, esporte, forma de expressão, autoestima e contato com o próprio corpo.

Procurando autoestima e autoconfiança, muitas mulheres (e alguns homens) veem no Pole Dance, uma alternativa para fazer exercícios mais dinâmicos e divertidos, mas sem perder o foco em perder calorias e desenvolver os músculos.

É na primeira aula de Pole que já é ensinado como subir na barra e, com muita dor, fazer as travas com as pernas e com os braços. Um dos primeiros movimentos que é aprendido é o Seat Básico, que consiste em, basicamente, você sentar na barra e soltar seus braços, o que quer dizer que a trava de perna foi um sucesso, se você não cair!


Após muitas aulas e dedicação, mais movimentos são aprendidos, além do tão sonhado “ficar de cabeça pra baixo na barra”, que começa com a Inversão Básica para entrar nos movimentos como: Golfinho, Gêmeo, entre outros... Um dos movimentos mais difíceis, por exemplo, é o Iron X, onde você precisa colocar suas duas mãos na barra e sustentar seu corpo e pernas para que seja formado um “X” na barra.


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Marielle fazendo o movimento Iron X. Crédito: Verônica Ferreira


Marielle Lopes pratica o esporte desde 2010. Atualmente, é uma das proprietárias de dois estúdios de Pole, o “Fly Angels Pole Dance”, localizado em Sorocaba e em Itu. Com isso, percebeu que muitas mulheres procuravam a atividade, não só como uma forma de se exercitar, mas também para melhorar a autoestima. “O Pole Dance tem diversos benefícios, entre eles, força, flexibilidade, resistência, consciência corporal, postura, aumento da autoestima, coordenação muscular, e muito mais”.


Para Marielle, o Pole Dance ainda é um tabu em nossa sociedade, por causa da falta de interesse do Brasil em reconhecer a modalidade como esporte e apesar de ter suas origens no Mallakab, um exercício originário da Índia e praticado por homens, ainda é visto como uma dança de boate, pelo fato de ser necessário usar roupas mais curtas para conseguir efetuar as travas na barra.


Marielle comenta que isso entristece quem pratica o exercício, pois é um esporte que exige muito dos atletas e há muitos praticantes que anseiam que a prática esteja nas Olimpíadas também.

Marielle participa de Competições de Pole e para ela, estar no palco é uma forma de superação e experiência, é uma mistura de medo, autoconfiança e nervosismo, porque esse é o momento de mostrar aos jurados tudo o que já treinou da melhor forma possível. Comenta também, que seria uma grande conquista buscar um título para o Brasil nas Olimpíadas.


Marina Camargo Lescreck também trabalha como instrutora desde 2015 e pratica Pole há 8 anos. Desde o começo se identificou muito com a atividade, apesar das dificuldades. Ela ressalta que ainda hoje existe um estigma muito forte na sociedade sobre a modalidade. Pole Dancers ainda sofrem preconceito e são vítimas de comentários sexistas, e precisam sempre explicar o que é a atividade e justificar as razões para praticá-la. “A ideia de que o Pole Dance é degradante para as mulheres e serve somente para agradar homens é absolutamente equivocada e sem fundamento nenhum! São opiniões emitidas por pessoas que claramente desconhecem a essência do Pole Dance”.


Sobre o esporte nas Olimpíadas, Marina comenta: Acredito que o Pole Dance tem sim um grande potencial para se tornar um esporte olímpico. O Pole Dance já é oficialmente reconhecido como esporte e a International Pole Sports Federation (IPSF) está trabalhando para sua inserção nas Olimpíadas”.


Para Marina, o Pole Dance também é uma forma de militância.

“Em uma sociedade dominada pelo patriarcado, em que o prazer feminino é negado e condenado, a mulher que dança e exprime sua sensualidade do modo que bem quer, empoderada e dona de si, é definitivamente revolucionária.

O Pole Dance é uma prática que permite às mulheres resgatarem o poder sobre a sua própria sexualidade e seus corpos, construindo força, flexibilidade e resistência, em todas as áreas das suas vidas”, diz.

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O movimento preferido de Marina Lescreck é o Bird of Paradise. Crédito: acervo pessoal


Carolina Ruiz é uma mulher que admiro, pois vai longe do estereótipo da mulher que pratica o Pole Dance, e é isso que também gostaria de salientar, não há o corpo certo para praticar o esporte. Gorda e dona de uma simpatia incrível, Carol pratica Pole Dance há 6 anos e já se apaixonou pelo esporte desde a primeira aula. “É inexplicável a sensação de ver um movimento que era um grande desafio e aos poucos, entendê-lo, praticá-lo e conseguir fazer. Mas ainda tenho medo de cair e morrer, às vezes”. Ela ri com essa conclusão e explica que tudo é um desafio, os medos de cair ou de quebrar o pescoço são os que mais a limitam, mas quando pensa em desistir, lembra de tudo que já passou e superou no Pole.


“Várias vezes já fui desencorajada por mim mesma ou por piadinhas de pessoas que se diziam ‘amigos’, mas com o tempo eu acabo filtrando essas coisas e entra por um ouvido e sai pelo outro”.

Sobre a motivação que deve causar em outras meninas por ser gorda e praticar o esporte, ela lembra, com felicidade: “Acho que a maior motivação que tenho é quando eu lembro das minhas primeiras aulas e o pessoal olhava meio torto para mim, do tipo: onde essa louca vai? E ver o quanto eu evoluí, me orgulha muito. Eu faço porque me sinto bem e todos devem sentir isso em qualquer coisa que façam. Ao fazer com amor e com dedicação você acaba sendo um exemplo.

Faça aquilo que ama com dedicação e a inspiração para outras pessoas vem como consequência

Beatriz Couto Lessa, é professora aposentada e aos 71 começou a fazer Pole Dance, depois de anos assistindo filmes sobre Pole Dance em sua adolescência, neles, as mulheres da vida (prostitutas), usavam casacos de pele e conquistavam sua liberdade. Ama ficar de cabeça para baixo nos movimentos e quanto mais alto, melhor! Para ela, opiniões de uma sociedade hipócrita não valem nada quando se pode conversar com o sol, lua e as estrelas!


Existem diversos estúdios de Pole Dance espalhados pelo Brasil, com aulas de todas as vertentes e para todos os níveis de aprendizado: iniciantes, intermediários e avançados, que podem ensinar as três vertentes do Pole Dance: esportiva, artística e sensual.

Em meio a correria do dia a dia, ter um tempo para praticar um hobby, fazer exercícios e conhecer amigas, é essencial para o bem-estar de nosso psicológico e o Pole Dance pode te proporcionar isso, além de uma mudança corporal positiva, que ajudará a aumentar sua autoestima conforme realiza movimentos que antes julgava serem impossíveis, ultrapassando limites e superando o medo, o que contribui muito para elevar sua autoconfiança.


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Júlia Campos Lisboa é pole dancer e foi convidada para participar do nosso podcast. Crédito: Verônica Ferreira

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